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Checklist de mitigação de riscos logísticos: o que empresas de comércio exterior precisam revisar até 2026

Em um cenário de mudanças estruturais no comércio mundial, a mitigação de riscos logísticos já se consolidou como uma exigência de sobrevivência.

Entre novas regulamentações, reconfigurações de rotas internacionais, aumento da fiscalização aduaneira e incertezas cambiais, a previsibilidade operacional é hoje um ativo tão valioso quanto o próprio produto transportado. Talvez, até mais!

E com a aproximação de 2026, ano que marcará a consolidação de mudanças como a DUIMP, o CCT e a nova estrutura tributária brasileira, as empresas que atuam no comércio exterior precisam atualizar seu checklist de gestão de riscos para garantir competitividade e continuidade operacional.

A seguir, um guia prático com os principais pontos de atenção.

1 – Compliance e documentação: o primeiro elo da cadeia

Grande parte dos riscos logísticos nasce antes do embarque.

Erros em documentos, inconsistências fiscais e classificações incorretas de NCM estão entre as principais causas de atrasos, multas e bloqueios em canais de parametrização.

Empresas preparadas para 2026 devem revisar:

  • Fluxo documental e prazos internos (instruções de embarque, DI/DUIMP, packing list, invoices e certificados de origem);
  • Integração entre áreas fiscal, aduaneira e logística, para evitar divergências entre valores, quantidades e descrições;
  • Aderência às novas exigências da Receita Federal, especialmente quanto à digitalização de processos e cruzamento de dados. 

Dica prática: revise seus cadastros no Catálogo de Produtos e simule operações com o CCT para testar a consistência das informações.

2 – Gestão de fornecedores e parceiros logísticos

Risco compartilhado é risco ampliado.

Em cadeias de suprimento cada vez mais fragmentadas, o desempenho e a conformidade de fornecedores podem determinar o sucesso (ou o colapso) de toda a operação.

Empresas que operam de forma madura já adotam:

  • Avaliação periódica de parceiros internacionais, incluindo histórico de sinistralidade, desempenho em prazos e conformidade com padrões ESG;
  • Contratos com cláusulas de SLA logístico (Service Level Agreement) e penalidades bem definidas;
  • Auditorias e análises de risco geográfico, especialmente em regiões sujeitas a instabilidade política, portuária ou climática.

É fundamental estabelecer critérios claros de qualificação e requalificação de fornecedores logísticos, não apenas no Brasil, mas também nos países de origem e destino.

3 – Infraestrutura e armazenamento

O gargalo logístico muitas vezes não está no transporte, mas no armazenamento e manuseio da carga.

Condições inadequadas, falta de rastreabilidade e ausência de planos de contingência em armazéns aumentam o risco de avarias, perdas e divergências fiscais.

Pontos de atenção:

  • Verifique a aderência dos armazéns às normas de segurança e integridade da carga;
  • Confirme a disponibilidade de infraestrutura multimodal e proximidade a corredores logísticos estratégicos;
  • Avalie custos e prazos de demurrage, detention e armazenagem, considerando possíveis gargalos em alta sazonalidade.

Mantenha sempre um plano B de armazenagem e transporte, o custo de uma contingência planejada é muito menor que o de uma emergência improvisada.

4 – Tecnologia, rastreabilidade e dados

Visibilidade é o novo nome da segurança logística. Empresas que ainda operam sem dashboards integrados e sem rastreabilidade em tempo real estão operando às cegas e, portanto, expostas.

Investir em tecnologia não é mais opcional:

  • Rastreamento ativo com atualização em tempo real e alertas automáticos de desvios;
  • Integração entre ERP, sistemas aduaneiros e ferramentas de transporte internacional;
  • Monitoramento preditivo, usando dados históricos para prever riscos e planejar contingências.

A visibilidade logística não se mede por GPS, mas por capacidade de decisão. Avalie se suas informações chegam rápido o suficiente para agir.

5 – Planejamento tributário e regimes aduaneiros

A fronteira entre risco operacional e risco fiscal é cada vez mais tênue.

Com a Reforma Tributária e as mudanças no sistema de regimes aduaneiros especiais, é fundamental revisar como as estratégias de importação e exportação estão estruturadas.

Aspectos que merecem atenção:

  • Adequação ao novo desenho de IBS e CBS, que altera a tributação sobre importações e operações interestaduais;
  • Gestão ativa dos regimes especiais, como Drawback, RECOF e Admissão Temporária, com atenção redobrada à rastreabilidade digital exigida;
  • Modelagem tributária estratégica, considerando prazos, créditos e impactos de cash flow.

Envolva o departamento fiscal nas decisões logísticas. A previsibilidade tributária é uma das maiores aliadas da previsibilidade operacional.

6 – Continuidade operacional e resiliência

Por fim, o risco que quase ninguém mapeia: a dependência de um único modelo logístico.

Empresas resilientes diversificam modais, parceiros e pontos de armazenagem e testam seus planos de contingência periodicamente.

Revise:

  • Protocolos para situações críticas (greves, crises portuárias, desastres naturais);
  • Estratégias alternativas de transporte e roteirização;
  • Comunicação interna para tomada de decisão rápida e transparente.

Resiliência não é ter um plano, é ter cultura de execução sob pressão. É isso que, de fato, faz diferença.

A gestão de riscos logísticos é um organismo vivo: exige atualização constante, alinhamento entre áreas e visão integrada da cadeia.

À medida que nos aproximamos de 2026, as empresas que tratam esse tema de forma proativa, estruturada e orientada a dados estarão na dianteira da competitividade global.

Na Logtrade, acreditamos que a previsibilidade nasce do planejamento e que a mitigação de riscos começa muito antes do embarque.

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